segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

E SE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FOSSE ANTÓNIO COSTA?

O Presidente Marcelo falou ao país hoje à noite na tradicional Mensagem de Ano Novo reservada aos ocupantes do Palácio de Belém. E nessa Mensagem foi expressivo, assertivo, equilibrado e afectuoso, como é o seu carácter. Mas, o eleito a falar hoje poderia ter sido outra pessoa. Senão, vejamos: com muita probabilidade, António Costa poderia ter hoje uma função de Estado algo mais facilitada que aquela que tem como chefe do Governo. Por outras palavras, António Costa não é hoje Presidente da República porque fez tudo errado há três, quatro anos. E fez tudo errado por ingenuidade, por parvoíce, mas mais provavelmente por ambição mal calculada, para não usar um termo menos abonatório.

Há cerca de quatro anos, António Costa ocupava o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e tinha uma imagem positiva, sobressaindo num Partido (PS) onde o líder de então - António José Seguro - não tinha laivos de carisma. Creio que se António Costa tivesse anunciado uma eventual disponibilidade para se candidatar ao mais alto cargo da nação em eleições a realizar dois anos mais tarde, mesmo que um pouco à revelia do seu próprio Partido (Jorge Sampaio já tinha feito o mesmo 20 anos antes), teria todas as hipóteses de ser bem sucedido, e até Marcelo Rebelo de Sousa porventura não teria apresentado candidatura.

Mas não, António Costa preferiu atacar António José Seguro, numa traição política só superada pela traição de Paulo Portas a Manuel Monteiro no CDS uns anos antes. Acusando Seguro de uma vitória nas Autárquicas de 2013 por "poucochinho", Costa viria a aperceber-se da sua errada estratégia e recuou, embora com essa incursão "traidora" (chamemos as coisas pelos nomes) perdesse grande parte da "aura" que conseguira obter com a governação em Lisboa. Mas, Costa não aguentou estar em segundo plano num Partido que se adivinhava viria a governar, e meses mais tarde atacou de novo Seguro e desta vez de uma forma demolidora. O resto já se sabe, e o que fica é um político que de um presidenciável muito provavelmente vencedor passou a um vencedor por "poucochinho" de umas Legislativas que ficaram marcadas por dois aspectos: uma votação significativa numa Coligação (PSD/CDS) desgastadíssima e uma combinação no Parlamento que acabaria por dar origem a um Governo nunca antes sequer aflorado em Portugal. O resultado disto tudo está a ser escrito há dois anos, e provavelmente António Costa deve ter a mira apontada agora as Presidenciais de... 2026!



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